Faltando mais ou menos dois meses para a Maratona de Lima, meu treinador me deixou na mão.
Sem comentários! Sou dedicada e meticulosa, preciso de planilha e organização.
Consegui alguém que topou o desafio para me ajudar mas já avisou: meu treino é muito diferente do que você fazia. Ferrou.
Aumentou volume de corridas e diminuiu musculação. Pra ajudar tive que trocar de academia.
Mais um estresse.
Psoríase e outras oportunistas se aproveitaram do meu corpinho. Mas vamos em frente!
Meu pace/ritmo melhorou muito! Mas o corpo estava sempre cansado.
Bora pra Lima. Turismo antes da corrida. Kit lindo! Vamos correr. Friozinho gostoso.
Todos falando idiomas diferente! Ouvir português e vai Curintia era motivo de festa.
Os pensamentos de sempre né: não nasci pra isso, o que estou fazendo aqui, ai que canseira, está doendo alguma coisa? Nãaaao!
10km abaixo de 55min aff que delicia!!! 21km em 1:55!!!!! Sub 2h!!!!!! cheguei a saltar de alegria. Olhei ao redor e a paisagem era magnifica. Praia lá embaixo – arrasou!!!!
Tá ainda tem mais 21km. Bobagem pensei.
Mas eram 21km de subida! Km 29 e a coxa esquerda conversou comigo. Tá. Vamos com calma.
Vi o pacer 4,5 (o cara que carrega a plaquinha pra saber o seu ritmo). Putz. Diminui. Não conseguia.
Coxa esquerda gritou e a direita avisou que não ia aguentar.
Camaradagem muda. Por 3 vezes alguém pareou comigo e cadenciou meus passos. Não vi o rosto, não sei quem são. Palavras de incentivo vinham de todo lado. Eu chorava. Mas em nenhum momento pensei em desistir.
Pela primeira vez caminhei numa prova. Pensava: deixa pra doer depois, deixa pra doer depois, eu aguento. Não. Não aguentava. Dois três passos e vamos. Mas não conseguia ir devagar. Forcei demais.
Cadê a chegada???? Cheguei a urrar de dor (sempre achei desnecessário quando alguém passava por mim emitindo ruídos rs).
Paredão de torcedores. Tá chegando. Faltam 2 km. Dói demais.
Cada vez que diminuía escutava palavras lindas!!!! Mas eu chorava muito. Já doía na alma. Estava muito longe!!!!!
Dói depois, dói depois, dói depois.
Uma moça da torcida começou me acompanhar e conversar comigo. A vontade era mandar calar a boca. Mas não tinha forças.
Começaram a me chamar pelo nome. Menos de 1km. Escutei meu nome no microfone. Caraca. a situação deve ser horrorosa rs.
Dois pórticos pra que???? 300metros! Não lembro! Cheguei. A organização veio com uma cadeira de rodas!!!! Eu não parava em pé!!!!
Não obrigada! Meu ego não permite. EU CHEGUEI!!!
O carinho da organização, dos torcedores, dos corredores não tem preço!!!!
Bora fazer outros 42km pra tirar a uruca.