Domingo foi dia dos 10km da Tribuna de Santos.
Bom, eu estou lesionada, e mesmo assim não estou tão parada o quanto deveria.
Depois da lesão corri, na Wings, e no GRAACC também.
Não corri quanto eu queria, e nem quanto eu achei que conseguiria, mas corri, e senti.
Senti dores, senti raiva, senti que estava fazendo tudo errado, e senti que deveria cuidar de verdade da minha lesão se ainda quero correr os #21kmvemnimim em julho.
Senti alegria também, de poder participar, de ver meus amigos batendo seus RPs, de ver as pessoas desconhecidas correndo, cada um com seu objetivo, suas “lesões”.
Quanto eu terminei a corrida do GRAACC sentindo um pouco o posterior de coxa esquerda, eu tomei a decisão de não correr a Tribuna, mas guardei para mim, e não contei para os meus amigos corredores.
Contei para algumas pessoas, alguns até amigos, que não correm, por isso a pergunta ai em cima.
Durante a semana, ainda fui às sessões de fisio, fiz o gelo, fiz exercícios em casa, e apesar de não sentir dor, não mudei a minha decisão.
Descemos para a praia no sábado pela manhã. Muita chuva no caminho, vento, uma parada no frango assado (o pão com linguiça fica do outro lado rs), chegamos em Santos e fomos direto buscar os kits.
Retirada de kit já tem o clima da corrida, todo mundo, ou grande parte das pessoas que estão ali, vão correr a prova.
E ai bate uma vontadezinha, e você até pensa, e se eu correr?
Se eu correr, eu posso lesionar outros músculos, posso transformar uma lesão grau 1, quase cicatrizada em grau 2 ou 3, (essa é a voz da fisiotepeuta soprando no meu ouvido rs), posso não conseguir voltar para treinar os 21km de julho, posso ter caminhar durante 10km, o que ia me deixar muito brava, de verdade.
Cabeça no lugar, kit na mão, foto no painel, e a decisão: não vou correr!
Passamos um sábado gostoso, caminhadinha na orla, peixe, churros, e antes da pizza do jantar, disse que não ia correr, mas torceria muito por todos eles, principalmente pelo Dori e o Dinho, na primeira Tribuna deles, certeza que iam adorar.
Acordei junto com o pessoal para leva-los, até o ponto onde uns correm e outros torcem, em meio aos abraços coletivos e desejos de boa sorte.
Pela janela o dia estava lindo, sol, céu azul, mas a hora que colocamos o pé para fora do hotel, um friozinho gostoso para correr, mas nada de chuva como ano passado.
E agora é a hora que a pergunta lá de cima é respondida!
Voltei para o hotel, peguei uma blusa, e desci para ver a chegada dos corredores, que era na frente de onde estávamos hospedados.
Recebo uma mensagem “chegamos, você vai fazer falta”, respondi do mesmo jeito, e desejei boa prova mais uma vez.
Primeiro largam as pessoas especiais, elite feminina, masculino e depois o nosso pelotão geral, ainda dividido em 3.
Fazia tempo que eu não ficava ali na chegada esperando meus amigos. Na verdade geralmente são eles que esperam (e muito) por mim rs.
Fiquei colada na grade, conversando com um senhor, também corredor (estava com a camisa do São Paulo, dai foi mais fácil puxar assunto, não que conversar com estranhos seja um problema para mim rs), mas que agora já não competia mais, e como eu, estava ali torcendo para os amigos.
Quando ele disse competir, ele não estava brincando, ele e os amigos ficaram me contando os tempos, e as vezes que subiram ao pódio, enquanto os primeiros lugares chegavam e o recorde da prova era batido pelo Maxwell Kortek Rotich, de Uganda, em 27:22.
Emocionei-me com os cadeirantes, com os pais que não estavam nem ai para o tempo de prova, e paravam para pegar seus filhos e cruzar a linha de chegada felizes com eles nos braços ou no trotezinho ombro a ombro.
Chorei de verdade quando vi um pessoal, tipo o pernas de aluguel, numa carreata de cadeiras de roda, cheia de bexigas coloridas, fazendo a maior bagunça na chegada, e ao lado deles, um senhor com muletas chorando por ter completado a prova.
Vi muita gente vendo o tempo de prova, no cronometro oficial, e dando “tudo de si”, ou para terminar logo, ou para bater o seu RP.
E quando vi o Dori chegando, fui até o nosso ponto de encontro, para poder tirar fotos dos meus amigos corredores, escutar tudo sobre a prova de cada um enquanto a gente se encaminhava para o café da manhã.
Como eu imaginava, os estreantes da prova adoraram a corrida, os que já tinham ido anos anteriores, pretendem voltar todos os anos.
Quem acha que corredor só gosta de provas que pode correr, não estava me vendo ali na linha de chegada, junto com o senhor ex-corredor, torcendo e vibrando por pessoas que a gente nem conhece e por amigos que estavam correndo.
Então, respondendo a pergunta, eu vou sim, mesmo sem poder correr, porque a corrida é muito mais que calçar um par de tênis e sair num domingo de madrugada.
Como disse a Flávia B semana passada, “Correr é o verbo individual, mas coletivo do mundo!”
Beijo
Paty B