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29/11/2024 (sexta-feira)
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Corredores: Longão Infinito

Km 28… 10am… O calor já castiga. Avisto a temida subida da Biologia da USP. O treino não tinha ela no trajeto, era pra ser circuito misto, mas “sem biologia” como estava na planilha. Mas na minha cabeça eu precisava encará-la, já que a encrenca que eu pretendia enfrentar era não menos que uma das mais difíceis maratonas do Brasil, exatamente pela altimetria complicada. Minhas pernas diziam não, mas minha cabeça dizia que eu tinha que subir aquela ladeira no final. Então fui…

Mas 3 horas antes…

Água, Gatorade, Banana (sim, comi tudo #fome). Quase dispensei o aquecimento, aff, já ia correr 32k,pra que gastar energia… Mas melhor seguir o protocolo que deu certo até então. Por incrível que pareça a corrida de 7 dias atrás já não estava mais incomodando, me sentia perfeitamente descansado. 28,5km em Bertioga Maresias etapa 2 não me estragaram como a anterior em Maio. Alongamento feito e tava tudo nos conformes.

Meu treinador Zé Renato não me deu nenhuma orientação extra, só o costumeiro aviso do ponto de hidratação na rua dos Bancos. Um pouco de ansiedade me cutucava, mas o receio da dor no joelho já não era mais tão forte, a corrida anterior aumentou muito minha confiança na querida rótula.

All set and go!

Primeiros 3km é aquele sofrimento de leve: uma preguiça, dorzinhas ali, acolá. Eu sempre sinto um pouco as canelas e joelho, mas normalmente passa. A ideia era fazer um circuito misto com algumas subidas, mas sem passar pela rua do Matão, ou subida da biologia. Mas Curitiba não tem a fama de ser uma das mais difíceis do Brasil exatamente pela altimetria e por isso não seria bom fazer um simulado? Vai entender nossos treinadores…

Uma das coisas legais de treinar na USP é que tem um pouco o clima de prova: bastante gente, corremos quase no meio da rua, gente famosa (não é difícil encontrar o Adriano Bastos, Marcelo Avelar, Adriana da Silva…), e isso ajuda a distrair. Também gosto de ver os ciclistas (de longe).

A primeira volta deu quase 11km, pouco mais de uma hora, dentro do planejado, que era o pace de 5:40 que eu queria fazer lá no Paraná. Tava na parte do boa do treino, aquela que a gente não sente o cansaço e entra meio que em velocidade de cruzeiro. Já tinha usado um gel, no próximo ponto de hidratação já usaria um salzinho. Nunca senti cãibras correndo, mas melhor não dar sopa pro azar nesse momento.

Mas passando o km 20, as coisas já não estavam tão coloridas, o cansaço já começava a bater nas pernas, sentindo um pouco de dor nas canelas, como em Bertioga na semana anterior. O sol já estava ali. Eu sempre digo que meus melhores amigos na corrida são o frio e a chuva. E o sol meu arquirrival. A questão maior era manter o foco, esquecer o monte de caraminhola que a nossa cabeça começa a inventar.

Nos 25km a técnica já tinha ido pra cucuias. Meus braços já começavam a cruzar na frente do corpo e o meu quadril já dava sinais de instabilidade. Mas dentro do previsto, é difícil manter tudo isso no final de uma corrida longa. O cansaço geral já começava bater a porta, mas nada desesperador…

Comecei a ficar bem confiante em relação a terminar o longo conforme o planejado, então porque não colocar uma pimenta nesse treino?

Voltemos ao início do texto. Peguei a direita na r. do Matão, 650m com 60m de elevação estavam na rota. É impossível manter o pace, mas a ideia é não deixar cair muito. O início a gente não sente tanto, mas depois da primeira curva o bicho pega… E você percebe que ela é longa. As pernas pesam… Alguns corredores começam a andar e ficar pelo caminho. Dá uma tentação de andar um pouco sim, ainda mais no fim do treino.

Mas maratona não leva desaforo… Sem o treino bem feito, você paga o preço. No meu caso, subidas estarão espalhadas pelo trajeto de Kurytiba. Como não estou afim de sofrer lá no Paraná, melhor focar e subir esse morro.

Mais uma curva e o cansaço bateu forte. As canelas queimavam. Faltava mais uma curva para chegar no platô. No fim de um longo realmente não era fácil vencê-la!

Terminei a Biologia! Felicidade e alívio de saber que agora eram 1km de descida e depois 2km no plano.

Passando os 30km, lembrei que nunca tinha corrido tanto. Tava bem cansado mesmo e as canelas doiam muito. Eu fiquei imaginando que na Maratona ainda teriam mais 10km. #desesperador. Virando na Politécnica, faltava pouco, mas parecia muito. Uma sensação estranha de fazer uma força descomunal e o pace só caía, já estava em 6:20. Já não estava mais ligando pra pace de qualquer forma, só queria terminar!!!!

Avistei a praça do Relógio, onde esse treino tinha começado e estava terminando. Aquele pique final para terminar logo e finished! 32,26km em 3:04:22!!!!

O texto foi longo dessa vez… Nada mais apropriado kkkk

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Daniel Seto
Corredor amador, amante de esportes e de tecnologia

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