Desistir
verbo transitivo indireto e intransitivo
Abster-se; renunciar de modo voluntário; não continuar ou não prosseguir com a realização de algo ou de alguma coisa em específico: desistir de um trabalho; desistir de um projeto.
verbo transitivo indireto
Renunciar a um relacionamento já estabelecido com alguém: desistir da namorada, desistir de alguém.
verbo transitivo indireto
Retratar um discurso; mudar de opinião; desdizer: desistiu de insultá-la.
Sinônimos de Desistir
Desistir é sinônimo de: abandonar, ceder, deixar, largar
Definição de Desistir
Classe gramatical: verbo intransitivo e verbo transitivo indireto
Tipo do verbo desistir: regular
Separação silábica: de-sis-tir
Continuo não acreditando em coincidências, mas desistir ficou bem perto de mim essa semana.
Passeou pela minha cabeça durante muito tempo no sábado. E descobri que aconteceu com muita gente perto de mim, não só nessa prova, mas eu outras também.
Fiz o primeiro trecho do revezamento, e já sabia que seria um trecho difícil de trilha, mas não imaginava que seriam os 15km mais longos da minha vida.
Esse trecho você corre praticamente todo ele em single track, e quando eles dizem “single”, pode acreditar, porque muitos trechos é fila indiana mesmo.
Quando eu disse que faria esse trecho, muitas pessoas já começaram a desejar boa sorte, dizendo que o trecho era o pior de todos.
Peguei algumas informações, vi alguns vídeos na internet, e achei que era difícil mesmo, mas não praticamente impossível.
Criei uma estratégia na minha cabeça de caminhar nas subidas e correr no restante do percurso.
Era um bom plano, até eu conhecer o percurso, ali ao vivo.
Minha ideia era terminar os 15km em 3 horas, eu levei mais de 5.
Começamos o percurso na praia, areia fofa, que logo virou uma estrada de terra, uma pequena trilha de boa, chegamos na praia, e começamos uma outra trilha.
Nesse ponto, a lama começou a aparecer. O caminho foi ficando mais difícil, e de repente todo mundo parou.
Tinha uma parte da trilha que desbarrancou, era uma corda para você segurar, um barranco para você não cair, um bombeiro para te orientar.
Passava uma pessoa de cada vez, e por conta disso, demorei praticamente meia hora para poder passar nesse ponto.
Daí para frente, esse trecho do percurso só piorou.
Aqui uma pausa para a organização. Nunca participei de uma prova tão bem organizada. A trilha estava super bem marcada, e quando a gente pensava que podia se perder, tinha alguém do apoio para te orientar, para te ajudar também.
Voltando…
Precisei de ajuda para passar por muitos pontos, ajuda de outras pessoas que estavam fazendo a prova, e ajuda do apoio também.
Nessas horas você percebe que como correr na trilha é diferente. Não que corredor de asfalto não se ajuda, mas na trilha, você toda hora ajuda e é ajudado também.
Muitos lugares eu não conseguia parar em pé, era muita lama, escorregando demais, parecia um sabão.
Tinha lugares que eu olhava e ficava pensando como eu vou passar por aqui, a gente dá um jeito sempre, mas a hora que você chega no lugar, pensa em desistir, e isso muitas vezes passou pela minha cabeça.
Nessas horas eu vi muita gente caindo, muita gente desistindo.
Pessoas que estavam no solo, e no revezamento como eu.
Pessoas que olhando, você nunca diria que desistiriam, pessoas que você diria que estavam lutando pelos primeiros lugares, pessoas que estavam chorando por saber que não dava mais.
E quando eu me dei conta disso, eu pensei em desistir também. Mas foi um pensamento muito forte, eu quase desisti de verdade, pensei em tocar o apito, chamar um apoio, esperar o salva vidas, e dizer: “chega, para mim deu, eu não aguento mais”.
Eu estava exausta, minha água estava acabando, tinha a impressão que teria câimbras nos pés a qualquer momento, já tinha tomado o sal, só tinha um gel, e estava a tanto tempo ali naquele mato, que eu não via como eu poderia terminar.
Comecei a pensar que as meninas iriam entender se eu desistisse, que elas sabiam que eu jamais desistiria se não fosse o último recurso.
Mas o que aconteceria comigo se eu desistisse? Como eu iria lidar com isso? Ainda bem que eu não preciso achar essas respostas, pelo menos não agora.
Nessa hora eu terminei a pior parte da trilha (sei disso agora só), eu tomei um carbo gel, conversei com um apoio, perguntei o que me esperava, ele me disse que o pior já estava para trás, mas que ainda tinham muitas subidas.
E eram muitas subidas mesmo.
Eu parei, coloquei a minha cabeça no lugar, e decidi que não ia desistir, não ali, faltando pouco mais de 5km, tão perto de acabar.
E nesse ponto, a minha motivação foi só uma: eu vou terminar essa prova, porque eu nunca mais vou correr aqui novamente, então, ou eu termino, ou eu nunca vou ter essa medalha.
Eu fui a última chegar no meu PC, cheguei junto com o fecha trilha, todas as pessoas que estavam atrás de mim desistiram da prova.
Para terminar o meu trecho, sai da trilha, vi a praia e lá embaixo vi as meninas me esperando, minha equipe do revezamento.
Quando eu vi as meninas, parece que todas as minhas energias voltaram. Todos os perrengues que eu passei sumiram, e eu tive certeza que desistir não era uma opção.
Ainda desci um rapelzinho numa pedra, sai no mar, e corri mais uns 300 metros até passar o chip para a próxima da minha equipe.
Descobri nesse ponto que elas estavam preocupadas comigo, que muita gente estava chegando machucada, quebrada, e que mesmo as outras pessoas que estavam com a gente, demoraram mais do que o previsto para terminar aquele trecho.
Acho que eu nunca me senti tão aliviada e tão feliz.
Como eu disse lá em cima, muitas pessoas desistiram, e eu sei bem o que elas passaram para tomar essa atitude. Não é fácil tomar essa decisão de desistir.
Saber se você está desistindo porque não aguenta mais fisicamente, ou não aguenta mais mentalmente, é a parte mais difícil.
Em muitos pontos do percurso, o que eu mais precisei foi da minha cabeça e não do meu condicionamento físico, porque em muitos lugares é só você com você mesmo.
Mesmo tendo sido um texto difícil e pesado rs, posso garantir que foi uma das melhores experiências da minha vida!
Eu fiquei arrebentada fisicamente rs. Tive dores musculares, roxos em vários pontos do corpo, sem contar as muitas picadas de borrachudos.
O melhor de tudo isso, é ouvir depois, na pousada, todo mundo de banho tomado, alimentado rs, todas as histórias e perrengues.
Ter o apoio dos seus amigos, de pessoas que você não conhece, receber os abraços os sorrisos, é um sentimento que não dá para descrever.
Quando fomos esperar a Mary na chegada da corrida, todas nós estávamos muito felizes por ter terminado a prova.
Como eu disse para muitas pessoas, essa é a melhor parte da corrida, tanto que os perrengues viram estórias e risadas, e o que sobra é o sentimento bom de ter conseguido, com o apoio das pessoas que estavam ali com você.
Só para terminar o relato, fiquei sabendo depois, que de todas as edições do 28 Praias Costa Sul, nunca o primeiro trecho esteve tão ruim…
Não sei se eu chamo isso de sorte ou de azar rs.
Beijos
Paty B
P.S. Isso na minha mão são sementes de palmito jussara que a gente podia pegar para jogar na trilha.
[…] como seguimos o mantra “para o pior não existe limites”, veio o 28 Praias – Costa Sul, e o maior desejo, e que eu não faça nada pior do que […]
[…] ainda estava “sentindo” a prova, física e mentalmente falando (vem ler aqui, para você entender […]
[…] mais difícil, mas, como na Costa Central, eu cheguei nela achando que nada podia ser pior do que a Costa Sul, e eu estava […]